Sobrecarga de Dopamina - A escravidão do Prazer.

A Dopamina e seu Papel na Sobrevivência


A dopamina é essencial para estimular comportamentos como a busca por alimento, através da expectativa de recompensas futuras. Sua existência é fundamental para a existência humana, especialmente na pré-história e em situações de extrema escassez quando somos levados a uma cultura de sobrevivência. 

No entanto, o excesso de dopamina causado pelo uso excessivo da internet, pornografia e telas digitais está alterando o cérebro humano de forma semelhante aos efeitos das drogas. Formando verdadeiros escravos digitais. 

Impactos Do Uso de Tecnologias e Pornografia. 


Vamos começar com o elefante na sala, a pornografia. Desde 2006, com a internet de alta velocidade, o consumo de pornografia aumentou exponencialmente, gerando efeitos neurológicos nocivos.
Primeiro ponto que precisamos deixar muito claro sobre a pornografia é que:

Pornografia não é sexo

O sexo não é uma experiência visual. Muito pelo contrário, o que se tem de visual em uma relação sexual é um mero acidente. Quando o esposo e a esposa estão em relação sexual (que foi criada por Deus e é boa e pura em sua natureza) o máximo que se consegue ver são detalhes do quarto onde estão. 

O que se VÊ na pornografia é uma encenação disforme. Esse prazer pelo visual atrapalha profundamente os relacionamentos reais, provocando um distúrbio gravíssimo chamado parafilia do voyeurismo que trata-se do prazer apenas na observação. (Sente mais prazer ao ver do que no ato em si). 

Por que isso é tão grave especialmente nos tempos atuais. 

A pornografia não é nova. Ela existe a muito tempo, nossos pais e avós, viveram uma época em que essa busca pelo visual os fazia buscar em bancas de revistas e ainda existia certa escassez desse conteúdo,  o que por sua vez tornava o problema menos grave. 

Hoje, no entanto, o acesso a esse conteúdo se tornou absurdamente fácil. De modo que em 10 minutos na internet qualquer adolescente (e muitas vezes crianças) tem acesso a mais pornografia que todos os nossos antepassados. O que nos leva a outro grande problema - O paradoxo da abundância. 

A Abundância Versus Escassez

Apesar da nossa constante busca pela abundância, o cérebro humano foi projetado para lidar com escassez (como na busca de alimento na selva), mas atualmente enfrenta um ambiente de abundância extrema, o que desestabiliza seu funcionamento.

A dopamina não é a "molécula do prazer", mas do estímulo à busca de recompensa. Podemos dizer que a dopamina é o hormônio da caça. É o hormônio que nos estimula a buscar um prazer imediato. Esse hormônio nos faz buscar sempre mais. Mais comida, mais alimento, uma caça calórica para nos manter vivos. 

O uso excessivo de pornografia, internet ou jogos provoca um aumento descontrolado de dopamina, que reduz a capacidade dos receptores cerebrais de processá-la adequadamente.

É esse descontrole que leva as pessoas (homens e mulheres) enxergarem o outro como carne de caça. Fazendo-os sair pela noite em busca da próxima presa, enxergando o outro como um objeto para satisfazer seus desejos por prazer imediato.  

Essa sobrecarga de dopamina resulta em um ciclo de dependência: o usuário precisa de estímulos cada vez maiores para sentir os mesmos efeitos iniciais.

Isso acontece como um mecanismo de defesa dos neurônios, que realizam podas sinápticas sinalizando que estão sendo intoxicados por um volume absurdo de dopamina. 

Que fique claro, o prazer que sentimos ao comer nossa comida predileta, ou mesmo no orgasmo sexual, não é provocado pela dopamina. A dopamina é o hormônio que nos atiça a buscar esses prazeres. 

Demos o exeplo na pornografia, mas é o mesmo hormônio manifesto no olhar de um comprador compulsivo nas vitrines de um shoppin, ou no catálogo de um e-commerce (shopee da vida). Ou mesmo na rolagem infinita do feed do instagram, tiktok, entre outros. 

Comportamento Viciado e Receptores de Dopamina. 

Estudos da neurocientista Nora Volkow identificaram que o efeito do consumo de pornografia no sistema mesolímbico é similar ao da cocaína, mas em níveis diferentes.
  • A pornografia atinge um pico de dopamina (nível 10), enquanto drogas como cocaína (nível 50) e crack (nível 100) têm efeitos mais intensos.

A "caça" digital, seja na pornografia, nos videogames ou nas redes sociais, está replicando o ciclo de adicção causado por substâncias químicas.

Adicção: é uma doença crônica que se caracteriza por uma dependência psicológica ou física de alguma substância ou atividade

Os algoritmos da escravidão. 

Agora que tiramos o elefante da sala, vamos falar do fantasma, que ninguém vê, mas tão grave quanto (ou até mais). 

Mesmo quem não consome pornografia, mas passa horas em redes sociais ou jogando videogames, sofre alterações similares no cérebro.

Isso por que de forma proposital, as empresas de tecnologia programaram seus algoritmos (softwares) para provocar no seu cérebro as mesmas alterações que as drogas e a pornografia. Te sobrecarregando de dopamina, oferecendo recompensas rápidas e imediatas. Mapeando seus gostos pessoais, personalizando os conteúdos que vão te prender as telas por mais tempo. 

Você sabe qual a métrica mais importante para uma rede social?

  • Likes? ❌
  • Comentários? ❌❌
  • Compartilhamentos? ❌❌
A métrica mais importante de uma rede social é - Tempo de retenção. 

Os vídeos que o youtube, instagram e tiktok te recomenda, não são aqueles em que se encontra o melhor conteúdo, ou o que te ensina algo interessante e relevante, mas é aquele que mantém as pessoas mais tempo presas a tela. 

E sem perceber você vai sendo exposto a cada vez mais conteúdos que você gosta de assistir, mas que não tem aproveitamento nenhum, existem apenas para te oferecer uma recompensa imediata mas sem valor nenhum. Igual miojo, saboroso, prepara rápido mas nenhum valor nutricional. 

Por que isso é tão preocupante. 

O tiktok consegue mapear uma pessoa em aproximadamente 3 minutos. Em 3 minutos uma empresa chinesa consegue mapear boa parte das suas preferências. 

o Tiktok tem 1.8 bilhões de usuários no mundo. Imaginem o poder que essa empresa tem de controlar, doutrinar, influenciar. Estamos falando de ¼ da população mundial. Em termos de comparação, temos no mundo apenas 1,3 bilhões de católicos. Então o tiktok fala com mais pessoas que a Santa Mãe Igreja Católica. 

Parece bastante, né? Mas o instagram tem ainda mais usuários. Estima-se que o instagram tenha  2 bilhões de usuários ativos. 

Outra pergunta para nos fazer refletir. Qual a principal função da câmera frontal do seu celular?
  • Tirar self? ❌❌
  • Servir de espelho?❌❌❌❌
A câmera frontal existe para mapear suas expressões faciais, saber o que você gosta sem você precisar curtir, só observando como você reage.

Ah Bruno, mas eles podem fazer isso sem minha autorização?  NÃO. Eles não podem. Mas adivinha.

Você deu permissão. 


Como escapar?

A dependência digital e os efeitos do excesso de dopamina em nosso cérebro são problemas reais e desafiadores, mas é possível enfrentá-los com algumas estratégias práticas e espirituais. Para escapar dessa "escravidão da dopamina" e prevenir seus danos, é essencial adotar medidas que reequilibrem nossa relação com a tecnologia e os estímulos excessivos. Aqui estão algumas dicas fundamentais:

  1. Estabeleça Limites de Uso: Defina horários específicos para utilizar o celular, computador ou qualquer dispositivo. Considere o uso de aplicativos que limitam o tempo de tela e bloqueiam conteúdos potencialmente viciantes.

  2. Adote Períodos de "Jejum Digital": Assim como o corpo precisa de intervalos para se recuperar, a mente também necessita de períodos de descanso da tecnologia. Experimente passar algumas horas do dia ou até mesmo um dia inteiro sem acesso às redes sociais ou telas.

  3. Substitua Hábitos Destrutivos por Saudáveis: Troque atividades prejudiciais, como o consumo de pornografia ou o uso excessivo de redes sociais, por práticas mais edificantes, como leitura, exercícios físicos, hobbies criativos e momentos de oração.

  4. Conecte-se com a Realidade: Priorize encontros presenciais e a convivência com familiares e amigos. Experiências reais fortalecem vínculos emocionais e nos afastam da falsa sensação de conexão oferecida pelas telas.

  5. Mantenha-se em Oração e Busca Espiritual: A fé é uma ferramenta poderosa contra os vícios. Dedique tempo à oração, meditação e leitura da Palavra de Deus. Essas práticas ajudam a preencher o vazio espiritual que muitas vezes tentamos compensar com estímulos digitais.

  6. Pratique a Moderação em Todas as Coisas: A virtude da temperança é um antídoto contra os excessos. Busque o equilíbrio, lembrando que os estímulos, por si só, não são o problema, mas sim o abuso deles.

  7. Eduque-se e Eduque os Outros: Informar-se sobre os riscos da adicção digital e conscientizar familiares, especialmente crianças e adolescentes, é essencial para proteger aqueles que amamos.

Lembre-se de que o caminho para a liberdade exige esforço e perseverança. Assim como um vício não é criado da noite para o dia, superá-lo também é um processo. Com disciplina, apoio espiritual e práticas saudáveis, é possível reconfigurar a forma como lidamos com a dopamina e retomar o controle de nossas vidas. Afinal, fomos criados para viver em liberdade, como filhos e filhas de Deus, e não para sermos escravos de nossos instintos ou da tecnologia.



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