Como Estudar o Catecismo? [Parte 04] - As Sagradas Escrituras.

Salve queridos irmãos e irmãs em Cristo, desejo a todos a paz. 

Estamos nos aprofundando no estudo do catecismo e hoje vamos continuar abordando o Capítulo 02. Falaremos nessa postagem sobre o Artigo III - As Sagradas Escrituras.

Antes de continuarmos recomendo fortemente a leitura dos 3 últimos artigos:

  1. Como estudar o catecísmo (parte 01).
  2. Como estudar o catecísmo (parte 02). 
  3. Como estudar o catecísmo (parte 03).
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As  Sagradas Escrituras - Artigo 03 do 2º Capítulo do Cateciismo da Igreja Católica.

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Artigo III - As Sagradas Escrituras.

Deus em sua infinita bondade desejou comunicar-se ao homem por meio de palavras e da liguagem humana. Sendo Ele o próprio verbo quis por meio de homens comunicar-se com a humanindade. Inspirando-lhes a escrever. Deus queria tanto se comunicar conosco que escolheu falar a nossa língua. Assim como Jesus veio ao mundo como um ser humano para estar perto de nós, as palavras de Deus na Bíblia são ditas de uma forma que podemos entender.

É um só verbo (e um so Deus) que se comunica atravez das sagradas escrituras. Todas elas são complementares (mesmo escritas por diferentes autores) e todas transmitem a mesma mensagem. 

A Santa Mãe Igreja sempre venerou a divindade do verbo divino expresso nas escrituras. Tanto que em toda missa se celebra a liturgia da palavra e a liturgia eucaristica. Alimentando-nos com o pão da vida e com a palavra de Deus. 

A igreja católica entende as sagradas escrituras como um dos pilares que fundamentam nossa fé. Mas ela não é a única, álem dela temos a sagrada tradição e o sagrado magistério. Para conhecer mais sobre os pilares da igreja católica recomento nosso curso: Pilares da Igreja Católica

II. Inspiração e verdade da Sagrada Escritura

O Catecísmo deixa claro que Deus é o autor da Sagrada Escritura. Por meio da inspiração do Espirito Santo é que os livros foram escritos pelos 'autores sagrados'. 
Para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-se de homens, na posse das suas faculdades e capacidades, para que, agindo Ele neles e por eles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele queria.

Assim sendo os livros inspirados ensinam a verdade, fielmente e sem erro. Entretando a fé católica não deve ser entendida com a "Religião do Livro", isto é, que se apega somente as escrituras, mas uma fé da PALAVRA, do Verbo vivo e encarnado.  

III. O Espírito Santo, intérprete da Escritura

Assim como o Espírito Santo inspirou os escritores sagrados,  também deve ser nosso interprete ao lermos as escrituras.

Deus não usa palavras complicadas ou uma linguagem secreta e divina inacessivel ao homens. Ele fala como nós falamos.Entretanto, para entender o que Ele quer nos dizer, precisamos pensar sobre o que os escritores da Bíblia queriam transmitir e o que Deus queria que aprendêssemos através deles.

Para isso precisamos ler as escrituras explorando o contexto. Os escritores da sagrados eram pessoas de carne e osso, como nós, mas viveram em épocas diferentes, com costumes e formas de escrever que podem parecer estranhos hoje. Para entender o que eles queriam dizer, precisamos conhecer um pouco sobre o mundo deles.

Alem disso devemos sempre ter o seguinte princípio em mente ao ler a Bíblia: A Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com o mesmo espírito com que foi escrita

O II Concílio do Vaticano indica três critérios para uma interpretação da Escritura conforme ao Espírito que a inspirou:

  1. Prestar grande atenção «ao conteúdo e à unidade de toda a Escritura».
  2. Ler a Escritura a luz da «tradição viva de toda a Igreja».
  3. Estar atento «à analogia da fé».

OS SENTIDOS DA ESCRITURA

O Sentido Literal da Escritura

Quando falamos do sentido literal, estamos nos referindo ao significado direto e explícito das palavras. É o que o texto quer dizer na superfície, sem interpretações adicionais. Por exemplo, quando lemos sobre a travessia do Mar Vermelho, o sentido literal nos conta sobre o evento histórico em si.

O Sentido Espiritual: Além das Palavras

Além do sentido literal, a Escritura também possui um sentido espiritual, que pode ser subdividido em três categorias:
  • Sentido Alegórico: Aqui, olhamos para os eventos bíblicos e vemos como eles apontam para Cristo. A travessia do Mar Vermelho, por exemplo, é vista como um prenúncio do batismo e da salvação em Cristo.
  • Sentido Moral: Este sentido nos ensina como viver. As histórias e mandamentos da Bíblia são guias para nosso comportamento e decisões morais.
  • Sentido Anagógico: Este é o sentido que nos aponta para a eternidade. Quando lemos sobre a Igreja na terra, podemos ver um sinal da Jerusalém celeste, nosso destino final.
A beleza da Escritura está na harmonia desses quatro sentidos. Eles não são independentes, mas interligados, cada um enriquecendo o outro. O sentido literal nos dá a base, enquanto os sentidos espiritual, alegórico, moral e anagógico nos levam a uma compreensão mais profunda da vontade de Deus e do nosso caminho como cristãos.

É importante lembrar que a interpretação da Escritura está sujeita ao julgamento da Igreja Católica. Os exegetas, aqueles que estudam a Bíblia, trabalham dentro das regras estabelecidas pela Igreja para garantir que a interpretação esteja alinhada com a tradição e o ensino católico.

IV. O Cânon das Escrituras

O termo “Cânon” refere-se à lista oficial de livros que a Igreja considera inspirados e autoritativos para a fé e a prática cristã. Para o Antigo Testamento, essa lista inclui 46 escritos (ou 45, se Jeremias e as Lamentações forem contados como um só), enquanto para o Novo Testamento a lista inclui 27 livros.

Aqui vale lembrar que tanto para nossa Igreja Católica quanto para os irmãos protestantes o canon do novo testa mento é o mesmo. O Canon do Novo Testamento foi inteiramente definido pelo magistério da Igreja Católica em seus concílios. Com isso espero que fique claro que a Bíblia é fruto da igreja, e não o contrário.

ANTIGO TESTAMENTO.

O Antigo Testamento é mais do que um conjunto de textos antigos; é uma parte essencial da Sagrada Escritura que os católicos consideram divinamente inspirada e de valor eterno. Este artigo irá desvendar a importância do Antigo Testamento e seu papel na fé católica.

Os livros do Antigo Testamento não são apenas históricos; eles são a palavra de Deus e mantêm um valor que transcende o tempo. A Antiga Aliança, estabelecida por Deus com o povo de Israel, nunca foi anulada. Ela é a fundação sobre a qual a Nova Aliança, através de Cristo, foi construída.

A “economia” do Antigo Testamento foi projetada principalmente para preparar o mundo para o advento de Cristo, o redentor universal. Cada história, lei e profecia apontava para a vinda do Messias e a salvação que Ele traria.

Apesar de conter elementos imperfeitos e temporários, o Antigo Testamento é um testemunho do amor salvífico de Deus. Ele oferece ensinamentos sublimes sobre Deus, sabedoria para a vida humana e tesouros de oração. No cerne desses textos, está o mistério da nossa salvação.

Os cristãos veneram o Antigo Testamento como a verdadeira Palavra de Deus. A Igreja sempre lutou contra a ideia de rejeitar o Antigo Testamento, como proposto pelo Marcionismo, que defendia que o Novo Testamento o tornava obsoleto.

NOVO TESTAMENTO.

Os escritos do Novo Testamento nos trazem a verdade definitiva da Revelação divina, por meio da encarnação do verbo, Jesus Cristo, o Filho de Deus. Suas ações, ensinamentos, paixão, morte e ressurreição são o cerne desses textos sagrados, assim como os primeiros passos de sua Igreja sob a influência do Espírito Santo.

Os Evangelhos: O Principal Testemunho

Os evangelhos são considerados o coração de todas as Escrituras, pois são o testemunho principal da vida e doutrina de Jesus. Eles são a fonte primária para entender quem Jesus foi e o que Ele representa para a humanidade.

A Formação dos Evangelhos

A formação dos evangelhos passou por três etapas cruciais:

  • A Vida e os Ensinamentos de Jesus: Os quatro evangelhos transmitem com fidelidade os atos e ensinamentos de Jesus, assegurando a historicidade e a verdade de suas ações e palavras.
  • A Tradição Oral: Após a Ascensão de Jesus, os Apóstolos compartilharam oralmente suas experiências e os ensinamentos de Cristo, enriquecidos pela compreensão que adquiriram através dos eventos gloriosos e a iluminação do Espírito Santo.
  • Os Evangelhos Escritos: Os autores dos evangelhos selecionaram e sintetizaram as tradições orais e escritas, adaptando-as às necessidades das primeiras comunidades cristãs, mas sempre mantendo a verdade e sinceridade sobre Jesus.
Nos aprofundamos mais nos livros no artigo - Como Ler a Bíblia Completa (Livro por Livro).

A Harmonia entre o Antigo e o Novo Testamento: Uma Visão Católica

Desde os tempos apostólicos, a Igreja tem enfatizado a unidade do plano divino presente nos dois Testamentos. A tipologia é a chave que revela como os eventos e figuras do Antigo Testamento prefiguram as obras realizadas por Deus através de Jesus Cristo.

Lendo o Antigo Testamento à Luz de Cristo

Os cristãos leem o Antigo Testamento à luz de Cristo morto e ressuscitado. Essa leitura tipológica não só revela o conteúdo inesgotável do Antigo Testamento, mas também reafirma seu valor próprio como Revelação, uma verdade que Jesus Cristo, nosso Senhor, confirmou.

O Novo Testamento está oculto no Antigo, e o Antigo é desvendado no Novo. Essa interconexão é fundamental na catequese cristã e ajuda a entender que ambos os Testamentos são complementares e inseparáveis.

A tipologia aponta para o dinamismo em direção ao cumprimento do plano divino, onde “Deus será tudo em todos”. Eventos como a vocação dos patriarcas e o êxodo do Egito mantêm seu valor próprio, mesmo sendo etapas intermediárias desse plano.

V. A Sagrada Escritura na vida da Igreja

A Palavra de Deus é o sustento da Igreja e a fortaleza dos fiéis. Ela é mais do que letras em uma página; é a solidez da fé, o alimento da alma e a fonte de vida espiritual inesgotável.

É essencial que os fiéis tenham acesso irrestrito à Sagrada Escritura, pois ela é a “alma” da teologia. O ministério da Palavra, incluindo a pregação pastoral, a catequese e todas as formas de instrução cristã, deve se nutrir e se revitalizar com as Escrituras. A homilia litúrgica, em particular, deve ser enriquecida pela palavra da Escritura.

A Igreja incentiva fervorosamente todos os fiéis a se dedicarem à “sublime ciência de Jesus Cristo” por meio da leitura frequente da Bíblia. Afinal, conhecer as Escrituras é conhecer Cristo, e ignorá-las é ignorar a Ele.

A Palavra de Deus é a luz que guia os passos dos fiéis, iluminando o caminho da salvação e da verdade. Que todos possam se aproximar das Escrituras com corações abertos e mentes dispostas a aprender, para que a sabedoria contida nelas possa transformar vidas e fortalecer nossas comunidades.

Espero de coração que esta série de artigos esteja ajudando a reforçar a importância da Palavra de Deus na sua vida e do estudo do Catecismo. Encorajamos você a continuar explorando as riquezas das Escrituras e a permitir que elas moldem sua caminhada.

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