Nossa Senhora de Guadalupe: 5 FATOS Históricos sobre Este Título de Maria

Estamos nos aproximando do dia de Nossa Senhora de Guadalupe (12 de dezembro), título dado a Nossa Senhora que apareceu pela primeira vez a um índio asteca chamado Juan Diego. E para ajudar você a viver bem a espiritualidade desse dia vamos hoje contar um pouco da história desse fenômeno sobrenatural que foi a aparição de Nossa Senhora de Guadalupe por meio de 5 fatos fascinantes sobre esse título de Maria.

1 - Idolatria dos Astecas - Significado de 'Guadalupe'

Para entendermos a relevância da aparição é importante que conheçamos o contexto histórico e social daquela época. Os Astecas adoravam a deusa Quetzalcoltl, um ídolo monstruoso, a quem eram oferecidas vidas humanas em sacrifício (holocausto). Na língua asteca, o nome Guadalupe significa, Perfeitíssima Virgem que esmaga a deusa de pedra.

Nossa Senhora de Guadalupe apareceu para acabar com essa idolatria e transformar a história daquele povo. Estima-se que em 1539, mais de 8 milhões de Astecas tinham aderido a fé católica, convertendo-se e abandonando a idolatria pagã. 

2 -  A aparição de Nossa Senhora de Guadalupe

Juan Diego - Índio Asteca
Juan Diego, enfrentava uma grande angústia pois seu tio, a quem muito amava, estava com uma doença grave. Enquanto rezava por seu tio no campo algo extraordinário aconteceu. Juan teve uma visão de uma mulher cujo manto brilhava intensamente. Ela o chamou pelo nome e falou em nauátle, a língua asteca:
Juan Diego, não deixe o seu coração perturbado. Eu não estou aqui? Não temas esta enfermidade ou angústia. Eu não sou sua Mãe? Você não esta sob minha proteção?
A Senhora pediu, então, que Juan Diego compartilhasse uma mensagem com o Bispo da região. A mensagem enfatizava que ela poria fim à "serpente de pedra" (fazendo referência ao ídolo de pedra adorado pelos astecas), que o povo mexicano cessaria os holocaustos e se converteria a Jesus Cristo. Ela também instruiu que uma igreja fosse construída no local das aparições.

3- O Milagre das Flores.

O Bispo local, x, não acreditou de início, mas instruiu a Juan que pedisse um sinal à Senhora para provar a veracidade da aparição. Quando Juan Diego voltou para o campo, Nossa Senhora de Guadalupe apareceu novamente e ele lhe contou sobre a desconfiança do Bispo.

Sorrindo a Virgem pediu a Juan Diego que subisse ao monte e enchesse seu poncho com flores. Naquela época estavam no inverno e a neve não permitia que as flores nascessem naquela região do México. Juan Diego sabia disso mas ainda assim obedeceu. Ao chegar no alto do monte, em meio à neve, achou uma grande quantidade de flores. Ele apanhou muitas flores e encheu seu poncho. Nossa Senhora organizou as flores no poncho e ordenou que o índio levasse as flores ao bispo.

4 - O Segundo Milagre - Tilma.

Com dificuldade, Juan Diego conseguiu ser recebido pelo Bispo. Ele trazia consigo seu poncho, cheio com as flores coletadas no monte e organizadas pela Santíssima Virgem. Ao abrir a tilma, as flores caíram no chão. Mesmo diante desse acontecimento, o Bispo, inicialmente, permaneceu cético. No entanto, para surpresa de todos na sala, a bela imagem de Nossa Senhora de Guadalupe estava estampada no poncho do índio. A Senhora estampada na tilma do índio era exatamente como Juan Diego havia descrito ao bispo. Todos na sala, incluindo o bispo, passaram a acreditar.
Momento em que Juan Diego expõe a tilma com a estampa de Nossa Senhora de Guadalupe.

O acontecimento gerou uma enorme comoção em todo o povo mexicano. Rapidamente, uma grande igreja foi erguida no local indicado por Nossa Senhora. O poncho de Juan Diego, com a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe impressa, foi levado para ser venerado. Guadalupe transformou-se no principal santuário do México, e a devoção a Nossa Senhora de Guadalupe espalhou-se por toda a América Latina. Em 1979, o Papa João Paulo II consagrou Nossa Senhora de Guadalupe como Padroeira da América Latina.

Quadro original exposto no México no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe.

4 - Estudos sobre o poncho

Análises detalhadas do poncho de Juan Diego mostram que a pintura não foi feita com materiais naturais nem criados pelo homem. Nos olhos de Maria, na íris e na pupila, pode-se observar a cena em que o índio abre sua tilma na sala do bispo, com todas as pessoas presentes conforme descrito em documentos posteriores. Do lado de um olho, há uma família, e do outro, o índio e o bispo. O reflexo da luz nos olhos é semelhante ao olho humano.


Reflexo de Juan Diego no olho esquerdo de Nossa Senhora de Guadalupe.

Em janeiro de 2001, o engenheiro peruano, José Aste Tonsmman, revelou o resultado da pesquisa de 20 anos. Os olhos da imagem ampliados 2,500 vezes, mostram aproximadamente 13 pessoas, dentre elas, crianças, mulheres, o Bispo e o próprio índio Juan Diego, no momento da entrega do poncho ao Bispo.


Pessoas presentes no momento refletidas nos olhos da Santíssima Virgem.


Família refletida nos olhos da Santíssima Virgem.

Richard Kuhn - Vencedor do Novel de Química.
Richard Kuhn, ganhador do prêmio Nobel de química, afirmou por meio de análises que a imagem não tem corantes (naturais ou artificiais) e que mesmo após 470 anos as corem continuam com seu brilho original. O tecido do poncho não deveria durar mais do que 20 anos devido ao material dos quais eram feitos os ponchos na época, o que não acontece com o poncho do milagre, que já dura quase 500 anos.  A fibra do ayate não suportaria as tintas da época. Além disso, não existe esboço ou marcas de pincel na estampa.

5 - Detalhes na Imagem de Nossa Senhora de Guadalupe

Nossa Senhora, em um ato de delicadeza, apareceu como uma índia, morena, vestida como uma índia grávida. Sua roupa e outros detalhes são repletos de sinais e símbolos que transmitem uma mensagem. Os astecas sabiam reconhecer estes sinais e isso foi decisivo para que a conversão daqueles povos acontecesse em massa. Veja alguns detalhes importantes a seguir.

Rosto de Nossa Senhora de Guadalupe.

Na estampa do poncho a Virgem aparece com seu rosto representando uma jovem mestiça de forma terna e sóbria, representando os mestiços que eram menosprezados tanto pelos indígenas quanto pelos espanhóis. Seu rosto mestiço, como ela mesma revela a Juan Diego, a mostra como "mãe compassiva, sua e de todos os homens que vivem juntos nesta terra e também de todas as outras linhagens variadas de homens" (Nican Mopohua, vv. 29-31). A face da Virgem sintetiza diversos povos. Apesar de manter traços de uma jovem indígena, a Virgem de Guadalupe é retratada com a delicadeza das imagens hispânicas de Nossa Senhora. Seu rosto expressa ternura e compaixão, com a cabeça inclinada como um sinal de compaixão, nariz reto e perfeito, boca bela e proporcional, e um leve sorriso nos lábios inferiores, que é notável mesmo em meio ao tecido. 

O Cabelo de Nossa Senhora de Guadalupe.


Para os povos indígenas astecas, uma mulher casada deveria fazer  uma trança especial com os cabelos e puxá-los para os lados enrolando-os. A imagem de Guadalupe por outro lado, representa Maria com o cabelo repartido ao meio e penteado, que representa a virgindade, o que vai ao encontro do dogma da virgindade perpétua de Nossa Senhora.

O Laço de Nossa Senhora

Ao mesmo tempo que o cabelo representa a virgindade a imagem da Virgem de Guadalupe tem em seu ventre um cinto ou laço escuro. Para os indígenas astecas todas as mulheres que estavam grávidas deveriam colocar um cinto em seu ventre para indicar que era uma mulher gestante. 
Monsenhor Eduardo Chávez na sua obra "La Verdad de Guadalupe", escreveu: 

"O cinto escura atado na parte superior do ventre anuncia a maternidade, ela é uma mulher “grávida”, é uma mulher “em espera”, é uma mulher do “Advento”. Ela é a mãe de Deus, "Arca Viva da Aliança", como disse o Papa Bento XVI". 

A Virgem de Guadalupe é uma mulher "encinta", assim estudiosos especialistas nessa Aparição se referem a Ela, ou seja, é uma mulher grávida.

Flor-Cerro-Corazón

As flores que adornam o manto da Virgem de Guadalupe são, para os indígenas, uma mensagem clara. Elas representam uma civilização enraizada no celeste, uma nova civilização que nasce do céu e está cheia de verdade e sabedoria divina.

A flor tem a forma de uma colina, enquanto o caule tem a forma de água. A colina representa o Tepeyac, a montanha sagrada dos astecas. A água representa a vida, a fertilidade e a renovação.

No monte das flores existem pequenas flores circundantes, o que significa que é xochitlalpan, ou terra das flores, ou seja, a plenitude da verdade.

Se virarmos o monte de flores de cabeça para baixo, podemos ver que ele também é coração, sangue e artéria, portanto, o sustento da divindade.

Dentro deste flor-cerro-corazón pode-se ver um rosto. Para os índios, ser sábio significa "colocar um rosto humano no coração de outrem". Portanto, esta flor significa que está cheia de sabedoria divina. A conclusão é que a flor-cerro-corazón é um símbolo de uma nova civilização, uma civilização do amor e da sabedoria de Deus.

Nahui Ollin - A flor de quatro pétalas


A flor de quatro pétalas que adorna o manto da Virgem de Guadalupe, na altura de seu ventre imaculado, é um símbolo de grande importância para os indígenas mexicanos. Ela representa o Nahui Ollin, que significa "o verdadeiro Deus para quem se vive".

Para os astecas, o Nahui Ollin era o símbolo do movimento e da mudança, da criação e da renovação. Era também associado ao Sol, que era considerado a divindade suprema.

Ao colocar essa flor em seu manto, a Virgem de Guadalupe está enviando uma mensagem aos indígenas: ela é a Mãe de Deus, a portadora do Messias. Jesus Cristo, o verdadeiro Deus para quem se vive, está presente em seu ventre.

A flor de quatro pétalas também representa a união entre o céu e a terra, entre o divino e o humano. É um sinal de esperança e de renovação, de uma nova era de paz e harmonia.

Estrelas no Manto de Nossa Senhora de Guadalupe

O manto azul da Virgem de Guadalupe é adornado com estrelas douradas, representando que ela é maior do que todas as estrelas que os indígenas adoravam. A cor azul é associada à realeza, pois era usada apenas pelo imperador asteca. Portanto, a Virgem é representada como uma rainha.

As estrelas do manto não estão dispostas aleatoriamente. Elas correspondem as constelações celeste na noite de 12 de dezembro de 1531, segundo estudos realizados por astrônomos. Esse fato é um sinal de que a Virgem de Guadalupe veio para os indígenas, para os seus costumes e crenças.
Constelações no Manto de Nossa Senhora de Guadalupe.

A túnica rosa da Virgem representa a Terra. Ela é adornada com desenhos que representam montanhas e água. Esses desenhos também são significativos para os indígenas, pois são elementos importantes da sua cultura.

A túnica da Virgem é longa e vai até os pés. Isso é incomum para as mulheres mexicanas, que geralmente usam saias curtas. Essa característica da túnica pode sugerir que a Virgem é de origem judaica.

Os arabescos que adornam a túnica também são significativos. Eles remetem a um brocado de padrão europeu, muito frequente na Idade Média e no Renascimento. No entanto, as flores e folhas desenhadas no brocado representam a flora mexicana. Isso demonstra que a Virgem de Guadalupe é uma mistura de culturas, representando o encontro entre o Oriente e o Ocidente.

Oração a Nossa Senhora de Guadalupe

Perfeita, sempre Virgem Santa Maria, Mãe do verdadeiro Deus, por quem se vive. Mãe das Américas! Tu que na verdade és nossa mãe compassiva, te buscamos e te clamamos. Escuta com piedade nosso pranto, nossas tristezas. Cura nossas penas, nossas misérias e dores. Tu que és nossa doce e amorosa Mãe, acolhe-nos no aconchego de teu manto, no carinho de teus braços. Que nada nos aflige nem perturbe nosso coração. Mostra-nos e manifesta-nos a teu amado filho, para que Nele e com Ele encontremos nossa salvação e a salvação do mundo. Santíssima Virgem Maria de Guadalupe, faz-nos mensageiros teus, mensageiros da vontade e da palavra de Deus. Amem. 

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Referências:

  • Fonte: Sob o Olhar de Guadalupe: sinais do Céu Sobre a Terra/ Dom Leomar Antônio Brustolin - São Paulo. Paulus, 2020. p. 25.
  • Fonte: Chávez - Sánchez, Eduardo. La Verdad de Guadalupe, nueva edición em marco de los 500 años.
  • Fonte: Sob o Olhar de Guadalupe: sinais do Céu Sobre a Terra/ Dom Leomar Antônio Brustolin - São Paulo. Paulus, 2020. p. 54.

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